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Eu, Jose e Pilar

Assisti recentemente mais uma vez ao documentário José e Pilar, de Miguel Gonçalves Mendes, que mostra um pouco da relação do escritor Jose Saramago e sua amada, Pilar Del Río. Confesso que quando vi no cinema pela primeira vez, comecei o filme achando-o um cara triste, depressivo, niilista, orgulhoso até. Mas os minutos foram passando e fui descobrindo a alma sensível e poética deste homem que dedicou toda sua vida às letras.

O cotidiano de um escritor tão falado, para o bem e para o mal, me tocou profundamente. Sua dedicação diária ao seu derradeiro livro: A viagem do Elefante, a intimidade do casal, o cuidado de Pilar para que as críticas negativas não chegassem a Saramago, a triagem das dezenas de cartas e convites para prêmios que o escritor recebia diariamente. Vi uma mulher forte e decidida, mais uma secretária eficiente do que uma esposa. A princípio me assustei com esta dama de aço que controlava a agenda do escritor a ferro e fogo. Achei-a dona do grande Nobel de Literatura e isso me irritou (a mim e, decerto, aos portugueses que a detestam por essas e outras).

Porém, o andamento do filme vai descortinando um casal onde o amor e o respeito mútuo é a tônica. Saramago tinha verdadeira devoção à sua musa inspiradora. Pilar, grande admiração por este homem recluso. Vi uma relação de amor. Sim, amor, como é difícil se achar por aí em qualquer esquina. Numa sociedade onde a banalização do amor é grande, onde as relações são muitas vezes frívolas, passageiras, carnais apenas, ver o amor em sua melhor expressão é muito inspirador.

“Se eu tivesse morrido aos 63 anos antes de lhe ter conhecido, morreria muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora”.

Saramago tinha um método de trabalho. Escrevia duas páginas por dia do seu romance (quanta disciplina!). Caiu abalado por uma doença, ficou dias internado, saiu e, finalmente, conseguiu terminar seu livro sobre os pensamentos de um paquiderme. Pensei: o que de interessante pode haver na vida de um elefante? Só a mente genial de um escritor como Saramago pode responder. Vou ler o livro.

Pra não dizer que nunca li Saramago, tive o prazer de cruzar com A maior flor do mundo, para fazer uma seleção para a Especialização em Literatura Infanto-Juvenil na UFF. Livro lindo e delicado, cheio da poesia e profundidade do escritor. Vi no cinema Ensaios sobre a Cegueira, filme de Fernando Meirelles feito a partir do romance homônimo de Saramago. Um filme denso, triste e, a meu ver, muito negativo, já que mostra toda a decadência da sociedade e a capacidade sombria do ser humano. Dois extremos. Um livro para crianças cheio de poesia e otimismo. Um filme que exibe o quanto a humanidade é um erro, pensamento que Saramago expressa constantemente em Jose e Pilar.

Vejam o curta de animação do livro A maior flor do mundo:

Também li um livrinho fino e despretencioso chamado A última entrevista de José Saramago e o que li só confirmou minha impressão sobre este grande autor: é um homem intenso e apaixonado pela beleza das letras. Fechei a última página já com uma lista de títulos dele que desejo ler.

Saramago era um ateu convicto, que não tinha medo da morte nem acreditava num depois. Criticava a sociedade e sua capacidade destrutiva. Mas, veja que paradoxo, ao mesmo tempo mostrava toda a sua beleza e inventividade, reafirmando, ainda que não quisesse, que há Pessoas (com caixa alta mesmo) neste mundo, no melhor sentido do termo. Seres humanos, na melhor concepção da expressão. Saí do cinema naquela oportunidade mais certa que há amor neste mundo de guerras e desvarios. Há amor, há respeito, há poesia e beleza. Obrigada, Pilar. Obrigada, Saramago.

O pão de meia lua

Demorou pra eu escrever este post. Talvez Freud explique, afinal, vou falar da minha mãe. É maio, não é? É o mês delas. E especialmente é o mês da minha, que quase não está aqui pra comemorar esta data. Explico.

Em 2009 me vi frente a frente com o sentimento de quase perder minha mãe. E não foi nada agradável. Uma moto a atropelou e ela, com seus 38 quilos e 1,50 metros resistiu, bravamente por sinal. Entre um braço quebrado e várias escoriações, salvaram-se todos. Mas isso não é de espantar. Ela sempre foi uma fortaleza, uma fortaleza escondida na fragilidade da aparência e das emoções afloradas, mas, sim, uma fortaleza.

Todo mundo tem uma lembrança de medo de quando ia ao dentista ou ao médico quando criança, não é assim? Eu não. Minhas lembranças são tão boas. Minha dentista, a Dra. Cássia, era uma fofa que dizia que ia pegar minhas tranças pra ela. E no seu consultório tinha brinquedos legais e aquela casinha que a gente entra dentro. Brinquedo caro que eu nunca pude ter, então, quando minha mãe me levava lá com meu irmão, era uma festa pra mim.

Já o médico era o Dr. Jofre, um senhor careca que arregalava meus olhinhos e enfiava goela abaixo aquele palito pra examinar a garganta. Seu consultório ficava num prédio antigo do centro da cidade, com elevador de porta pantográfica e tinha um ar meio de livro de suspense. Sabe deus o que acontecia por trás daquelas portas antigas e corredores vazios. O cheiro do consultório era único. Lembro bem. Eu ia sempre lá com minha mãe quando tinha febre ou alguma daquelas doenças que toda criança tem.

Mas o que tem a ver o dentista e o médico com o dia das mães? Nada. E tudo. Tenho muitas lembranças destas idas e vindas ao dentista e ao médico com minha mãe. E uma das lembranças mais felizes era a volta do médico. A gente sempre passava numa padaria que ficava em frente a estação das barcas e ela comprava um pão em formato de meia lua. Era o máximo! Um pão de lua, verdadeira diversão pra uma criança. Pegávamos o ônibus e eu vinha pra casa deitada no colo dela, partindo o pão de meia lua quentinho com minhas mãozinhas e comendo, vendo a paisagem correr pela janela.

Em outra ocasião, lembro do leite morno que minha mãe me trazia na cama quando eu acordava. Era tão gostoso aquele calor do leite descendo pelo peito! Até hoje beber leite morno me dá uma sensação de proteção e bem estar. Lembranças tenras de muita nutrição, do corpo e do coração.

E o chá de folha de laranja da terra? Só minha mãe, criada na roça e conhecedora das ervas e plantas, sabia fazer o chá com gosto bom. Dissolvia uma coristina no copo, botava açúcar pra adoçar e me dava pra beber nos dias de gripe forte e dor de garganta. Calor, cuidado e proteção.

Minhas melhores lembranças de minha mãe estão ligadas a beberagens e comidinhas, como o prato de feijão fresquinho que ela me dava puro, só com farinha, na volta da brincadeira noturna na rua. O sabor daquele feijão literalmente “amigo” nunca vou esquecer. Aipim frito com café, banana frita, bolinhos feitos com o arroz de ontem, bolinhos de chuva que a gente comia vendo sessão da tarde e brincando de batalha naval… Boas lembranças, muito boas.

Por todas essas, dedico hoje este post a minha querida mãe. Temos muitas diferenças, temos muitas discussões, temos muitos conflitos. Mas temos também muito amor e união. E sei que pra onde eu for, levarei comigo sempre seu legado e seu exemplo de pessoa íntegra, trabalhadora, forte, corajosa e com uma imensa fé no Menino Jesus de Praga, São Judas Tadeu e sobretudo, Nossa Senhora da Conceição. Então, querida Virgem Mãe, te peço: abençoe minha mãezinha no dia de hoje e todas as mães deste planetinha azul.

E você, qual sua melhor lembrança de sua mãe? Contaí nos comentários. Vou gostar de saber. FELIZ DIA DAS MÃES!

Faz dois anos estive em Barcelona. Cidade linda, que respira arte e beleza em suas esquinas. Para minha felicidade, eu estava lá justamente em 23 de abril, dia de Sant Jordi (o nosso querido São Jorge), padroeiro da Catalunha. Neste dia, os catalãos têm o costume de festejar em meio a flores e livros. Sim, livros.

A cidade fica tomada de barracas onde livreiros colocam seus exemplares à venda com várias promoções. E em outras, vendem-se rosas de todas as cores. É que, reza a tradição local, no dia do santo, os homens presenteiam as mulheres com rosas e estas lhes dão livros.

É isso mesmo. Em vez de velas e procissões, livros e rosas. Lindo, não?

Caminhei pelas ruas da cidade observando os festejos deste que é também o dia dos namorados na Catalunha e dia mundial do livro. Passeei por La Rambla, colorida em mil matizes de flores. A beleza de Barcelona se acerba neste dia, e seu povo parece sorrir mais. Há uma alegria pairando no ar, um clima fraterno e de união.

Barcelona tem lindas praças, locais onde o povo compartilha histórias, encontros, esperas, descansos. Vi muita gente sentada na grama, alguns deitados até e fiquei lembrando de nossa praças sujas e mal cuidadas. Lá, a praça é o lugar da comunidade, comum + unidade. Um lugar democrático, pra todos. Sobretudo no dia de Saint Jordi.

Circulei entre as barracas e encontrei um livro lindo, uma pérola, uma fábula japonesa. Era um livro enorme, de capa dura, com ilustrações belíssimas. O texto, escrito em Catalão. Entende-se pouco desta língua algo exótica, diria, uma mistura de espanhol com radicais do francês e outras pitadas mais. Porém, a imagem é linguagem universal e, nesta história, pude conhecer o amor de dois jovens em “Els amants papallona”.

Comprei também um livrinho querido e lindo, “El Ratoncito Perez”, que conta a história do ratinho que pega o dente das crianças e lhes dá em troca presentes. Quem já não ouviu quando pequeno alguma lenda sobre a fada do dente, sobre jogar o dentinho de leite no telhado, e outras tantas? São histórias universais, que se contam em todo o mundo, cada uma com as características e traços locais.

Arrematei meus livros e, pra ficar mais feliz, também me dei rosas! Afinal, estar em Barcelona já era o maior presente, sobretudo neste momento feliz em que se comemora um santo tão popular, também para os brasileiros.

Então, amigos, que tal trocarmos livros e rosas no dia 23 de abril? #ficadica :-) Salve Jorge! Feliz dia de Sant Jordi!

É bom ser do bem

Tenho visto pelas ruas da cidade carros com um adesivo com esta frase: “É bom ser do bem”. Achei que fosse uma campanha publicitária de alguma marca de automóveis, mas não. Descobri essa iniciativa independente no Google, conheça aqui. Mas não importa. O fato é que este lema grudou em minha mente e, vez por outra, me pego pensando e repetindo-o feito um mantra.

Em setembro de 2010, foi lançado o filme Nosso Lar. Fui ver logo no primeiro dia e o que mais me impressionou foi o sentimento com que saí do cinema, que também pode ser resumido neste dístico: É bom ser do bem.

“Diante da noite, não acuses as trevas. Aprenda a fazer lume.”

Quem trabalha em constante contato com os veículos de comunicação e as redes sociais, como eu, é muito exposto a todo tipo de notícia. Em geral, notícias ruins. Crimes, corrupções, violências de toda forma. Parece mesmo que as pessoas têm um prazer sádico em gerar e consumir este tipo de informação. É bem raro encontrar gente a fim de disseminar boas novas. Boa notícia é piegas, não vende jornal. Será que o que vende é sangue, é guerra, é o pior lado do ser humano? Nunca imaginei ver na capa do Globo uma manchete dizendo: Crianças recebem educação de qualidade na rede pública, ou algo semelhante. Mas pra dizer que nossas escolas estão um lixo, tem um monte de gente pronta.

“Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram.
Ampara o seu irmão com a boa palavra.”

Andava meio desencantada do mundo ao ver tanta barbárie. Até que veio o filme Nosso Lar. E nele vi, ou melhor revi, que é bom ser do bem, que é bom fazer boas escolhas, é bom ter uma vida mais equilibrada e saudável, é legal ser amoroso e gentil. Nossa, quantos bons ensinamentos este filme nos dá. Não à toa, é baseado na clássica obra de André Luis, um amigo que todos nós, espíritas, aprendemos desde cedo a admirar. André é o exemplo do ser humano: falível, equivocado, corrompido, mas decidido a mudar, a crescer e transmitir o que aprendeu para todos. Admiro gente com esta coragem. Temos muito que aprender com ele, não?

Foi como um bálsamo encontrar “os meus iguais”. Gente que quer melhorar e fazer o bem. Foi como uma reafirmação de minha própria identidade. Afinal é bem difícil ser si mesmo quando tem tanta pressão pra gente ser o que não é e gostar do que, no fundo, não gosta. Reafirmei meus conceitos, fortaleci meus valores, me senti feliz em casa novamente: no meu próprio lar. E foi muito bom “voltar pra casa”, como um filho pródigo.

Em outubro, fui na noite de autógrafo do livro do Wagner de Assis, que conta os bastidores da produção do filme. Foi um prazer a mais ver as fotos das filmagens e locações e saber das histórias e desafios que essa equipe dedicada enfrentou para superar os “umbrais” e trazer o filme à luz, à exibição. Admirei ainda mais estas pessoas, que trabalharam com tamanho afinco, desde a concepção do projeto até a divulgação do produto final. Sem dúvida, ganharam “bônus-luz” e nos brindaram com essa pérola.

Nosso Lar é um filme do bem, um filme para se ver, rever e ter em casa para curtir sempre. E agora está fácil, porque já saiu o Blu-ray, o Audiolivro e até a trilha sonora. Então, apreciem, sem qualquer moderação. :-)

“É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o
Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.”

Deixo aqui um vídeo com uma mensagem linda para vocês meditarem no bem. Este homem foi outro exemplo vivo de bondade: nosso querido Chico Xavier

* as citações no texto são de André Luis, psicografia de Chico Xavier.

Histórias que curam

Cresci ouvindo histórias contadas pelo meu pai. Contato com livros tive bem pouco, por motivos financeiros e culturais na família. Mas curtia muito minhas HQs da turma do Sítio do Picapau Amarelo. Depois de grande fui fazer uma pós em Literatura Infanto-Juvenil e me apaixonei perdidamente pelas narrativas para crianças. (Acho que já contei esta história aqui, mas tem um porquê de repeti-la.)

Na pós, minha monografia foi sobre o poder transformador das narrativas. Eu mesma tenho minha experiência pra contar sobre isso com o livro “O homem que amava caixas”. Ou seja, as histórias são uma paixão que alimento com carinho e os contos para crianças me cativam ainda mais.

E não é que, assim como eu, tem um monte de gente que também curte histórias e as usa para ajudar outras pessoas? A Associação Viva e Deixe Viver é uma instituição voltada para esta missão, de usar a literatura para ajudar crianças hospitalizadas. Não é o máximo?

Quem viu o filme ou leu o livro (comprei, mas ainda não consegui ler) Patch Adams se encanta e, como eu, vai logo pesquisar como se faz pra entrar para o grupo de palhaços dos Doutores da Alegria. Só que em minha busca descobri que, para participar, tem que ser ator com registro profissional. Daí, minhas palhaçadas precisaram ficar guardadas pra outra ocasião. Mas foi assim que que descobri o Viva (para os íntimos! ;-)).

Esta semana soube que a Instituição está com inscrições abertas para novos voluntários do Rio de Janeiro que desejem trabalhar nos hospitais contando histórias para as crianças. Acho que finalmente chegou minha vez de contribuir e também me encantar mais uma vez com a força da PRESENÇA AFETIVA que uma boa história pode proporcionar. E você, não quer ajudar o Viva? Vamos juntos. Afinal, um mais um é sempre mais que dois…

Sobre o Viva e Deixe Viver

É uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, que treina e capacita voluntários para se tornarem contadores de histórias em hospitais para crianças e adolescentes internados em nove mercados do país. Os principais recursos da Associação Viva e Deixe Viver atualmente são a leitura de obras infantis, as brincadeiras, a criatividade e o bom humor de seus voluntários.

Através de atividades culturais que estimulam o desenvolvimento das aptidões dessas crianças, a Associação contribui para a humanização dos serviços a elas destinados, integrando no seu cotidiano as condições sensíveis de comunicação e interação com a realidade externa.

Para realizar seu objetivo, a Associação Viva e Deixe Viver recebe como doação pelo menos duas horas semanais de seus voluntários que contam ou fazem histórias.

Então tá, gente. Começou 2011. Mãos à obra pra fazermos como diz naquela mensagem do Drummond que anda circulando na rede: ter um ano novo da cor do arco-íris… Os primeiros dias de janeiro para mim são ideais pra escrever algumas metas, não planejamento, porque já aprendi a abdicar da antiga rigidez, quando definia mês a mês o que queria fazer. Não, não. O tempo passou, sábio tempo, e me ensinou a fluir mais em vez de controlar tanto. Mas fluir na direção do meu desejo, como um rio que segue seu curso em curvas, largos, quedas, mas sabendo que chegará no mar…

Tenho três grandes desejos pra 2011. Não vou contar aqui quais são. Desculpem..rs Mas já os anotei pra reforçar a mensagem em meu subconsciente. Sim, acredito muito sinceramente no que ensina o Dr. Joseph Murphy no imperdível livro O Poder do Subconsciente (baixe aqui). A gente precisa ser nosso melhor amigo, senão, não tem planejamento em planilha de Excel que nos acuda. Se você quer ser amado, quer que a vida flua com facilidade, quer ter boas pessoas no seu caminho, quer viver em paz, não há outro jeito. Tem que pensar direito. E pensar direito é pensar bem, pensar para o bem, para o seu bem e o de todos. Afinal, pra que se criticar tanto? Sejamos nossos amigos, não nossos algozes.

Faz tempo que tenho uma idéia pra escrever um post e acho que agora é o momento. Ano passado cheguei a uma conclusão muito importante na vida. Entendi que aquele bordão que fiz “a felicidade é uma escolha” precisa ser complementado. Digo isso já que nunca entendi porque eu escolhia ser feliz (claro, ninguém é maluco de escolher o contrário, não é?), mas nunca alcançava tal objetivo. Foi aí que caiu uma ficha muito boa e tive a idéia de complementar a máxima: “a felicidade é uma escolha mental”.

Como assim? É o tal poder do pensamento que a PNL tanto fala, questão de se reprogramar. Quer fazer um favor a você mesmo? Faça agora uma listinha das suas principais crenças. Não digo crença religiosa, digo aquelas frases que você vive repetindo inconscientemente e que, em geral, são bem negativas. Alguns exemplos, pra estimular você: “tudo é difícil”, “homem não presta”, “mulher só quer homem com grana”, “nunca consigo ser reconhecido profissionalmente”, “faço tudo errado”, “o mundo tá cheio de gente ruim”, “minha saúde sempre foi fraca”. Etc. ao infinito! Quem de nós já não se pegou repetindo frases assim, ou piores, como um mantra?

Por isso que digo: a felicidade é uma escolha mental. Porque é uma escolha de qual pensamento a gente vai gerar, nutrir, repetir e atrair. Não adianta querer ser feliz se a gente só pensa coisa ruim, concorda? Por melhor pessoa que eu seja, não conseguirei. Não é à toa que Louise Hay faz tanto sucesso. Não é auto-ajuda de segunda categoria, não. É um ensinamento que ela testou, uma forma de viver com mais saúde, mais alegria, mais paz, atraindo melhores situações e pessoas pra perto de nós. E olha que se você souber as coisas que ela passou na infância, vai ver que teria muitos motivos pra ficar se lamentando.

Eu aprendi que nosso pensamento pode ser representado por dois cães. Um que quer nos morder e um que balança o rabinho porque é nosso amigo. Cabe a nós decidir qual dos dois desejamos alimentar. Vamos nutrir as crenças antigas e negativas que repetimos pelos anos afora? Ou vamos ser nosso melhor amigo em 2011 e gerar idéias mais positivas? Cabe a nós a escolha, a escolha mental, em prol da nossa felicidade.

Que todos tenhamos mais cuidado com o que pensamos. Que todos contribuam para nutrir o mundo com formas-pensamento mais favoráveis para a evolução da humanidade. Que você crie um pensamento positivo, agora, lendo este meu post. É meu sincero desejo. Feliz 2011, feliz mente nova pra você, pra todos.

***

Para te inspirar, veja abaixo um vídeo com entrevista da autora Louise Hay. São 10 partes. Para ver todas, clique aqui. Vale muito a pena!

Faz um tempo aprendi com meu amigo, Leo, sobre a sangha. É um termo que os budistas usam muito e que significa uma comunidade, um grupo de pessoas que se une em prol de um ideal, no caso, para estudar e praticar o dharma, nome dado para designar os ensinamentos do Buda. Se a gente for levar o conceito para nossas vidas digitais, a sangha poderia ser sua rede social, o grupo virtual do qual você faz parte. Eu prefiro pensar na sangha como aquele grupo de pessoinhas mais que especiais sem os quais a gente não vive. Pessoas reais mesmo, de carne e osso, que a gente pode tocar e abraçar e se sentir mais vivo.

“… a Sangha é o solo e somos a semente. Não importa o quanto seja bonita e vigorosa nossa semente, se o solo não nos provê vitalidade, nossa semente morrerá.”


O ano de 2010 já está dobrando a esquina e quero deixar aqui registrado e compartilhar com minha sangha de leitores do blog que foi um ano muito feliz e abençoado, depois de um 2009 bem trevoso pra mim. É como diz a voz do povo: depois da tempestade vem a bonança. E veio mesmo. Mas este ano só foi o ano bom e especial que foi por duas razões: 1. Mudei. E retirei da minha vida um bocado de ervas daninhas que empesteavam meus jardins. Olha, como as rosas floresceram, como os lírios se abriram, como os jasmins exalaram seu doce perfume! 2. Reencontrei minha sangha.

“Se não temos uma Sangha que nos dê suporte, podemos não estar obtendo o tipo de apoio que precisamos para nossa prática, que precisamos para nutrir nossa bodhicitta (o desejo forte de cultivar amor e entendimento em nós mesmos).”


Quando a gente fica muito sozinho no mundo, longe das pessoas que realmente valem a pena, tudo fica mais difícil, as forças se esvaem, os  sonhos se despedaçam ao sabor de qualquer brisa. Mas eu reencontrei minha sangha, meus amigos de verdade, aqueles que me amam com tudo que eu tenho, minhas qualidade e meus defeitos, sobretudo, meus defeitos. Ser amigo só das qualidades, qualquer um é. Mas amigo apesar de… é que pega. É pra poucos e bons. É pra amigo de VERDADE. Se você tem um amigo assim, um que seja, parabéns, você já tem sua sangha.

“A essência da Sangha é consciência, entendimento, aceitação, harmonia e amor.”


A todos vocês, amigos mesmo, que me ajudaram, que se fizeram presentes em minha vida neste lindo ano que chega ao fim, meu mais profundo amor e gratidão. Sem nossa sangha fica muito mais difícil ser feliz. Peço licença para um agradecimento realmente especial para algumas pessoas: Érica, Anderson, Eduardo, Franciny, Wagner, Inácio, Marta, Conceição e Antonio Carlos. Muito obrigada por tudo e pelo elo de amor e boas energias que nos unem.

Feliz 2011, queridos! Obrigada pela audiência em meu blog. Deixo aqui um vídeo de presente. Que no ano que chega possamos agir assim, dando amor de graça, simplesmente por amar. Vejam e se emocionem. Amo vocês.

* as citações neste post são do Mestre Thich Naht Hanh

Queridos amigos, lembram que eu estava concorrendo com um trabalho no 2º Concurso de Contos do Blog Fio de Ariadne? Pois hoje tive a feliz notícia que meu conto, O Sapato, foi escolhido o vencedor por um júri de blogueiros e pelas notas do público leitor do blog. Estou especialmente feliz, tanto pelo prêmio, um livro da Editora Zahar (livros sempre são ótimos presentes!), como pelo reconhecimento de outros leitores à qualidade do meu texto. Foi um prazer único. Agradeço a todos vocês que leram, comentaram e compartilharam meu conto. Muito obrigada, de coração!

Aqui está o conto vencedor. Deixo-o também registrado no meu blog, minha casa.

O Sapato

Andava de pés descalços no passeio ainda úmido pelo sereno da noite. O dia começava como todos os demais para a menina. Aline saía à procura dos restos que sobravam das festas na porta de um grande clube de São Paulo. O que fosse de comer ia direto para uma sacola rota que trazia ao ombro. O que fosse de valor, se é que é possível achar algo relevante no lixo, escondia no bolso da calça surrada.

Remexeu dentro de uma caixa de papelão na esperança de um pedaço de pão ou carne, descartada por algum convidado da festa na noite anterior. Festa chique! Aline vira, escondida por trás do muro, quando mulheres elegantes chegaram em vestidos de baile, esvoaçantes uns, brilhantes outros. Homens em ternos e casacas mostravam os benefícios que o dinheiro pode proporcionar. Aline dormira esperançosa, afinal, uma festa dessas deveria ter muita comida boa e a manhã lhe reservaria algo de proveitoso para seu estômago vazio.

Achou um docinho ainda inteiro – sorte! – que mandou logo pra dentro da boca, antes que algo de ruim pudesse acontecer e lhe tirasse aquele presente. Encontrou uma echarpe vermelha com um rasgo. Provavelmente alguma dama imprudente a descartara após danificar o tecido em uma dobradiça de porta. Guardou-a na sacola, pensando que talvez aquele pedaço de pano pudesse esquentar-lhe um pouco o corpo nas noites frias da cidade grande.

Separou o que podia, guardou o que merecia ser guardado. Já ia indo embora, quando, ali num canto, embaixo de um papelão molhado, pareceu ver algum brilho. Seria um anel, um relógio, um brinco perdido! Seu coração palpitou ante a chance de ser agraciada com tamanha surpresa. Levantou o papelão e viu. Primeiro a fivela cravejada com pedrinhas reluzentes, depois, o restante do sapato esquecido. Era de um tom de telha, um vermelho com ares de marrom, ou o contrário. Não importa. Mas a cor a fez lembrar do telhado da antiga casa do abrigo de onde fugira, dois meses após ter sido internada devido à morte da mãe. Sacudiu a cabeça como a tentar esquecer as más lembranças e apanhou o sapato de tecido forrado.

– Nossa! Que bonito! Quem terá esquecido? E como foi embora pra casa? Descalça? – Aline olhou seus pezinhos miúdos descalços na calçada fria e pensou: – Ah, não é nada tão terrível assim, eu mesma ando descalça por aí e não morri por causa disso.

Pareceu orgulhosa de sua conclusão, pegou o sapato e escondeu-o na sacola. Afastando-se do clube, dirigiu-se ao canto improvisado com papelão sob um viaduto, onde costumava se esconder do frio. Comeu o que havia conseguido em sua busca, enquanto olhava o volume do sapato dentro da sacola, imaginando quem o teria perdido e como. Talvez alguma mulher tenha fugido dos abraços de um homem mais afoito. Será que bebeu demais e tropeçou no jardim na hora de entrar no carro? Como saber? O que sabia era que agora ela era a dona do sapato mais bonito que já havia visto na vida. Apanhou-o e virou-o para examinar a sola. Viu um número. Apesar de não saber ler, conhecia os números e logo identificou: 38. Tinha um grande salto, bem fino:

– Como alguém consegue se equilibrar em cima disso? – pensou, ao mesmo tempo em que enfiou o pezinho sujo no sapato esquerdo, sobrando ainda uns quatro dedos de calçado vazio. Levantou-se e tentou ficar de pé. Era difícil, viu? Improvisou uma pose de dama rica, enquanto ordenava os serviçais imaginários a lhe servirem uma mesa farta de doces, bolos e refrigerante. Deliciou-se com esta visão e já começava a se sentir como as mulheres elegantes que vira na festa, com seus belos vestidos de baile e jóias.

Recostou-se no papelão e fechou os olhos pra ver melhor. De repente, entrava ela própria naquele baile, calçando não só um, mas o par de sapatos grená brilhantes e um belo vestido como jamais tinha visto. Entrou acompanhada por um belo e jovem rapaz, dançou, comeu, bebeu, sorriu como há tempos não fazia. No final do baile, se despediu do jovem que relutou em deixá-la ir. Ela correu por entre as árvores do jardim e, na pressa, deixou o sapato cair junto a uma roseira. Deixou-o pra trás e fugiu. Acordou assustada com alguém cutucando seu pé calçado no sapato.

– Aqui não é lugar pra mendigo. Pode ir circulando. – bradou o guarda com cara de pouca amizade. Aline pegou suas poucas coisas, seu precioso sapato e partiu, buscando outro lugar para sonhar.

Chegou meu prêmio!

Oba! Chegou o livro que ganhei como prêmio no Concurso de Contos. É lindão, uma edição bem acabada, com capa dura e ilustrações belíssimas. A Editora Zahar caprichou. E os contos são originais. Trabalho de alto nível. Vou ler com especial prazer. Muito obrigada mais uma vez!

 

Amo gatos. Quero deixar claro que amo esses bichanos desde que me entendo por gente. Eu, a Dra. Nise da Silveira e tantos outros. E se você odeia gatos (num sei como tem gente que consegue isso), esse post não é lugar pra você. Ou talvez seja… Não, não o expulso daqui, pelo contrário, o convido. Convido a olhar para estes pequenos seres peludos e dengosos com um pouco mais de humanidade.

Ouço muita gente dizer que “gato é bicho traiçoeiro” e outras baboseiras semelhantes. Mas, vou te falar, nada melhor que um gato pra entender a gente e fazer aquele chamego na hora que estamos mais por baixo que sola de sapato!

Sempre tive gatos. Tudo começou com uma gatinha que apareceu em casa. Eu devia ter uns 8 anos, suponho. Chegou e eu me encantei. Foi amor ao primeiro ronronar! A bicha era tão incrível que subia no meu colo, deitava a cabeça em meu ombro e abraçava meu pescoço com a patinha. Eu me achava a mais especial das pessoinhas por ter uma gata que mais parecia gente. Ela cresceu, cresceu e, como diz na Bíblia, se multiplicou. Teve a primeira ninhada. A segunda. A terceira! Quando vi, havia nada menos que 14 gatos convivendo conosco em casa. Pra mim era uma festa. Já minha mãe pensava um pouco diferente…rs Um dia a gata me abandonou e foi morar no vizinho. Rejeição infantil foi pouco! Mas fiquei com os outros 13, até minha mãe exigir que meu pai levasse os felinos pra miar em outras praças.

Os anos se passaram. Tive diversos outros. Cada um tinha uma personalidade, um jeito de ser. Gosto de psicologia e isso se aplica aos animais. Sempre curti analisar o jeito singular de cada um. Com um deles eu até treinava telepatia… Coisas de pisciana-meio-bruxa-que-adora-gatos. :-) Tive um cão só na vida, o Tobi, que se escondia debaixo da cama quando a gente pegava o balde pra dar banho nele. Mas como fui meio que atacada pelo cachorro da vizinha, peguei um trauma e agora prefiro ficar longe dos cães até que me provem que posso confiar neles.

Hoje, depois de um longo jejum de gatos em casa (sempre minha mãe a embarreirar os bichanos), estou com a Nina. Ela não é linda? (Ai de você se disser que não! rs). E espero que ela continue nos dando as alegrias que os animais nos transmitem. Para pessoas idosas, como meus pais, um animal doméstico é um fator importante de tratamento anti-depressão. Pode apostar, o amor que eles nos permitem é muito curador. Meu pai conversa com a gata como se fosse sua neta. Minha mãe, como se fosse sua melhor amiga. Enfim, Nina chegou, conquistou a todos e virou parte da família.

E se você anda procurando um gatinho ou um cão, não compre um. Adote. Há muitos animais pelas ruas, abandonados, humilhados, maltratados. Infelizmente há ainda muita maldade no mundo e os animais, geralmente, são os que sofrem com as frustrações humanas. Pra ajudar você nisso, sugiro que dê uma passadinha no Campo de São Bento pra ver a feirinha que um pessoal muito bacana faz por lá todo primeiro sábado do mês.

Os animais são uns fofos e te olham com aquela carinha de “me leva pra casa” irresistível. Os organizadores da feira são uns abnegados do bem, que recolhem os animais nas ruas, levam pra casa, tratam e tentam arrumar um lar pra eles. Precisam de ajuda também pra comprar ração e outros cuidados. Se você quer fazer algo bom por alguém, taí uma boa chance.

Contribua, adote-os (minha Nina foi achada na rua e colocada pra adoção pela internet). Deus –  e São Francisco de Assis, protetor dos animais – haverá de recompensar você em dobro, com garantia de muitas lambidas, balançar de rabinhos quando chegar em casa ou barulhinhos de ronronar e enroscadas em suas pernas. Não tem preço tanto amor. Desfrute. Adote um animal e seja bem mais feliz.

Foi com grande alegria que recebi a notícia que meu conto está entre os 6 finalistas do 2º Concurso de Contos do Blog Fio de Ariadne. O tema do concurso eram os contos de fadas, assunto que sempre me interessou muito, desde os tempos da formação em Arteterapia.

Meu conto, O Sapato, foi baseado na história de Cinderela, ou, A Gata Borralheira, em algumas tradições. Trata de uma menina de rua que encontra um sapato de baile capaz de fazê-la sonhar…

Para ler o conto e votar, clique aqui.

É preciso escrever um comentário para o post e dar uma nota de 5 a 10, para ter seu voto validado. O vencedor será escolhido por um júri de blogueiros, mas a nota dada pelos leitores contará na pontuação. O prêmio é o livro Contos da Fadas de Perrault, Grimm, Andersen e outros, da Editora Zahar, parceira do blog.

Agradeço imensamente à Vanessa, dona do blog Fio de Ariadne, pela oportunidade. Ter nosso trabalho reconhecido e exposto para muitos leitores não tem preço. Agora é aguardar a divulgação do ganhador. Enquanto isso, ficarei por aqui, sonhando com a vitória, como Aline…