Era maio de 1982. A gente esperava ansioso pela primeira Copa do Mundo onde íamos realmente torcer por um time e, mais ainda, por um jogador: Zico. Eu tinha só 12 anos e fazia parte do time dos mais velhos da molecada. Fomos pra casa de um amigo e lá preparamos a rua com bandeirolas e enfeites, sem contar a tradicional pintura no asfalto. O mascote, Naranjito, era uma simpática laranja, bem simples de desenhar. Ajudei no desenho com meus dotes artísticos e juntos pintamos o personagem. O sentimento de união era forte. Todos juntos trabalhando (e se divertindo, claro!) por um ideal, por um sonho. As crianças gostam de sonhar.
Rua pintada, bandeiras a postos e, pra melhorar, a mãe do meu amigo fez um concurso pra premiar a criança que estivesse com o número do jogador que fizesse o primeiro gol do Brasil. Pra não ter briga, cada um ficou com a camisa de acordo com a idade. A mim, que tinha 12 anos, coube a camisa 13, do Éder, um jogador que jogava na ponta esquerda, tinha poderosas pernas e soltava bombas dignas do Roberto Carlos. Por sorte minha, ele fez o primeiro gol da seleção canarinho e eu ganhei um brinde que nem lembro qual foi. Mas lembro bem da sensação de ter sido premiada. Ótima! :-)
Os jogos foram acontecendo e a turma toda se unia pra assistir junto. Até que, lembro nitidamente, o Brasil perdeu pra Itália de Paulo Rossi por 3 x 2. Aquela camisa da Azzurra nunca saiu da lembrança. Foi uma decepção muito grande pra todos nós, mesmo sendo crianças, ou talvez, principalmente por sê-lo, já que os sonhos infantis são bem mais intensos. A gente pintou tudo, preparou tudo e era “natural” que ganhássemos. Afinal, tínhamos Zico, o melhor do mundo.
Quando perdemos, senti uma raiva tão grande que peguei a bicicleta do amigo (eu não tinha uma) e saí a pedalar pela rua sem rumo, subindo uma ladeira como se fosse voar, assim como E.T. no filme de Spielberg. Meu irmão, mais velho e mais sábio, vendo minha revolta, me disse apenas: “Cuidado”. Acho que ele, diferente de mim, sabia que era só um jogo e que haveria outras e outras Copas do Mundo a disputar. Afinal, a vida é assim.
A Copa acabou, Zico foi puxado pela camisa (que chegou a rasgar) e não deram o pênalti, Naranjito foi se apagando do asfalto com os meses e tudo seguiu seu curso. Anos depois o Brasil ganhou o Mundial, foi tetra, penta, mas nenhuma outra Copa foi tão marcante quando aquela, tão divertida, nem tão inesquecível. Afinal, éramos só crianças.
Você e suas lembranças… Relembrar e reviver bons momentos e sensações é maravilhoso mesmo!
Mas, a copa que curti mais foi a da conquista do tetra. Lembro-me do Galvão Bueno (tinha que ser ele mesmo) gritando praticamente rouco, quase perdendo a voz: é tetra! é tetra!
Apesar de ser quase sempre chato em seus excessivos e desnecessários comentários, acho que nenhum narrador transpareceu tanta emoção como ele nesta vitória.
querida Shi,
que delicadeza de texto. Ah! a infância!!!!!!!!
como somos corajosos, pensamos que somos imortais e quanto ao nosso time, achamos que sempre iremos ganhar….como é bom ser criança….
a dor passa…. tudo volta ao normal, mas as boas lembranças daquela fase ficam……
beijos saudosos,
Rô
Engraçado pq o sentimento, td descrito aqui vivi tb… assim como outras pessoas que irão ler e sentir o mesmo. Até hj ñ acredito muito qdo vejo as imagens…
Mas só um comentário futebolístico… o Éder vestia a camisa 11, era ponta esquerda e fez o segundo gol… o primeiro quem fez foi o Dr. Sócrates com a camisa número 8(?!?)
;oP
Amigas, valeu mesmo pelos comentários.
Wendell, muito obrigada pelas correções. Eu sabia que a camisa era perto da minha idade. Se não era 13 tinha que ser 11. hahaha Mas ele não fez o primeiro gol? Então porque ganhei o brinde? kkkkkkkkk Não importa, de toda forma eu mereço mesmo e o Eder tinha pernas lindassssssssss! ;-)
bjs, queridos, obrigada por tudo!
Quando a Holanda perdeu a final para Espanha eu desisti de jogar tenis e sai da barra com vontade de fazer nada.
Até hoje não entendi pq vc torceu tanto pra Holanda, Fang? Você é um chinês falsificado? hahaha
bjs e obrigada pelo comentário
Minha querida,
lendo o seu texto esqueci q o assunto em pauta era a Copa e me remeti aos bons tempos que vivi qdo jovem.
A suavidade como vc descreve os fatos, nos embala e acaricia a nossa alma.
Muito obrigado,
bjs. da amiga Eglais.
Gosto de viver/reviver a vida pelas tuas histórias. bjs
Queridos Eglais e Carlinhos,
obrigada pela presença neste meu cantinho de criação e expressão. Minha “casa” fica mais completa. bjs
Olá, boa tarde. Eu estava procurando matérias sobre a Copa de 82 e achei esta página. Para tirar a dúvida de vcs sobre a ordem dos gols, informo o seguinte: O Eder (11) fez o primeiro gol da Copa de 1982, e por isso talvez vc tenha recebido o prêmio. Na partida contra a Itália, o primeiro gol foi do Dr Sócrates (8) e o segundo do Falcão (15). Abraço