A experiência me diz que, na vida, existem três categorias de sonhos. O que a gente sonha e um dia realiza. O que a gente sonha e nunca acontece, mas que nos move em direção a muitas outras coisas. E o sonho que muda com o tempo.
Explico. Quando criança, eu queria muito ser desenhista. Adorava desenhar – acho que deixei esta herança para o meu sobrinho – e vivia copiando formas e imagens (veja duas das minhas obras acima), até dos desenhos a que assistia na TV. Comprei livros de desenho, fiz cursos vários: desenho, desenho de propaganda, desenho de serigrafia, desenho animado e até de desenho de modelo vivo, esse há poucos anos, no Parque Lage.
Achava mesmo que viraria artista. No vestibular, queria Belas Artes, mas esbarrei no mundo real e vi que ou estudava ou trabalhava, porque era no horário comercial. O imperativo da vida prática me levou a buscar uma outra carreira, mas que me colocasse perto da criação, da criatividade. Então, fui parar na Comunicação Social, mais especificamente, na Publicidade.
Outro sonho de infância era ser dançarina. Não bailarina, pois nunca apreciei o ballet clássico. Gostava do jazz, adorei o filme “Flash Dance” e vivia imitando pela casa as coreografias dos videoclips da TV, como os do Michael Jackson. A dança dos zumbis em “Thriller” era clássica, assim como o Moonwalker, marca registrada do astro pop. Como não pude fazer aulas devido às condições financeiras da família, cresci com este sonho guardado no bolso até que, quando adulta, fui para a dança de salão, onde resgatei algo deste contato com o dançar.
Domingo passado revi “This is it”, que mostra os bastidores da última turnê mundial que o Michael Jackson faria. E este filme me fez relembrar dos sonhos, sobretudo os não realizados. Ver aquela seleção dos dançarinos (os melhores do mundo) que iriam fazer parte do show foi bem marcante. Imaginei-me eu mesma lá, dando o meu melhor pra dançar com um dos melhores dançarinos de todos os tempos. Quanta alegria para os que foram selecionados! Aqueles que, na descrição do diretor, “tinham um algo a mais”. Mas o pior foi vê-los fazendo coisas incríveis com seus corpos, saltando no ar, desafiando a gravidade, a flexibilidade, os limites e saber que, no final das contas, não realizaram o sonho de subir ao palco no show do artista mais emblemático dos últimos tempos.
Triste. Eu lamentei profundamente. Tanto os sonhos perdidos quanto a perda de um ser humano que levava seu talento pessoal ao máximo de sua expressão. Michael era um astro completo.
Mas foi depois de muito meditar sobre o tema que cheguei a nova conclusão. Acho que aqueles dançarinos, assim como os músicos, os cantores, foram realmente pessoas de muita sorte. Porque, afinal, dançaram, tocaram e cantaram com o maior de todos. Realizaram sim seus sonhos. Deram o melhor que puderam. E no final, ainda que o show não tenha acontecido, foi lançado o filme que os exibiu para o mundo. Sonho realizado, não? Eu penso que sim.
E nesse assunto de sonhos tem coisas bem curiosas. Tem gente que, sem querer, acaba realizando um sonho de muitos através de uma simples “dancinha”. Conhecem o Matt? Ele fez o que eu adoraria ter feito. Conheceu 42 países do mundo apenas dançando. Quem não quer? :-)
A todos que ainda acreditam em seus sonhos, meu caloroso e dançante abraço. Tudo é possível e é preciso não perder o ânimo nunca. E mesmo que um sonho não seja realizado da forma exata como planejamos, nosso coração é capaz de nos levar a novos lugares. Talvez não o palco do show do Michael Jackson, mas às telas dos cinemas do mundo todo em “This is it”, ou ainda a muitos caminhos mais. E você, qual seu sonho? Compartilhe aqui. Vou gostar de saber.
Shirley,
Fiquei emocionada com o seu post. Realmente, os sonhos mudam junto com a gente durante a vida.
No meu caso, eu acho que virei um ciclo. Eu estava no primário e me lembro do primeiro concurso de redação que participei. Acho que foi o prêmio mais gostoso que já ganhei na vida. Foi a primeira vez que percebi que ao escrever eu conseguia viajar para qualquer lugar. E comecei a escrever várias histórias fantásticas nos meus caderninhos. Um dia minha mãe descobriu um caderno e começou a dar sugestões para as histórias. “Minha filha, vão pensar que isso aqui acontece com você!”. Pronto! Foi o suficiente para bloquear tudo por muitos e muitos anos.
Depois comecei a curtir desenho também. Vivia comprando livros sobre isso, tentei pintura, aquarela… mas o meu excesso de auto-crítica nunca me permitiu ir além.
Sonhei também em ser cantora de Rock. Tive várias bandas, toquei em vários lugares maravilhosos. Escrevi músicas, conheci amigos através desse sonho que guardo com carinho até hoje. Mas na hora do vestibular, é claro, foi o medo não seguir o “caminho certinho” que me fez escolher a super ultra criativa carreira de engenheira. Nada ver, né? Mas eu continuei cantando por muitos anos, como um hobbie delicioso. Hoje até acho que não tinha o que seria necessário para seguir uma carreira na música. Mas foi bom sonhar.
Tive outros sonhos gostosos e que realizei. Sonhei me apaixonar, casar, ter filhos. Fiz tudo isso. Duas vezes! :-) E a alguns anos comecei a gostar de escrever novamente. Dessa vez foi a minha filha mais velha que me inspirou e incentivou. Fiz um livro para ela e estou preparando outro para o mais novo (não quero que ele fique com ciúmes). E estou escrevendo todos os dias um pouco. Sonhando de novo enquanto realizo o sonho de dar uma vida tranqüila e segura para minha família maravilhosa.
Sonhos nascem de onde a gente menos espera. E morrem para que outros apareçam. Sonhar é um exercício de quem está vivo. É o percurso que deve ser apreciado, e não a chegada.
Obrigada pelo post que me fez refletir muito. Bjks.
Querida, Renata,
que linda tua história. Há muitas portas querida. Temos que saber fluir na vida. A rigidez até nos sonhos só nos atrapalha. Abrace tua pena e sonhe. E escreva as histórias que sonhar. Ouse e ajude este mundo a ser melhor. Disse jesus que temos que multiplicar nossos talentos né. Multiplique os teus, não os guarde enterrados. Torço por você. bjs e obrigada por compartilhar.
Sonhos… Tive e tenho muitos. Alguns realizados (nem sempre do jeitinho exato como imaginei; às vezes até melhor!) e outros ainda não. Uns nem sei se chegarão um dia a se realizar, mas como disse a querida Renata: é o percurso que deve ser apreciado.
Nos últimos anos minha vida sofreu grandes mudanças… algumas aparentemente terríveis, porém, me trouxeram coisas boas algum tempo depois. Então, ficou mais claro para mim que mesmo o que parece muito ruim sempre traz uma (ou várias!) coisas boas depois.
O problema é que não costumamos ter paciência para esperar o momento ideal. Queremos agora, hoje, neste exato minuto! Descobri que imediatismo não ajuda muito e ainda me deixa estressada.
Com isso, passei a conviver melhor com meus sonhos. Não desisti deles, mas percebi que há um tempo para cada coisa. Enquanto isso, vou apreciando o caminho! :)
Silvia,
não podemos desistir do que nos move o coração. Vamos juntas! :-)
Querida amiga, vendo seu Post lembrei de uma msg do Pe Fábio de Melo e espero que goste.
“A vida nunca foi fácil pra mim. Nasci no limite e cresci nele. Nunca tive muitas oportunidades. Minha vida foi marcada pela pobreza, pelas dificuldades e pelo sofrimento.
Mesmo assim eu insisti que poderia ser diferente. E o que me levava adiante era a minha teimosia em sonhar sempre.
Talvez seja por isso que hoje, no exercício do meu ministério sacerdotal, eu insista tanto em levar as pessoas ao cultivo dos sonhos. Sonhos que se abracem à realidade e que se realizem aos poucos, pela força de Deus, manifestada na força dos homens…
Vejo muitas pessoas que não estão dando certo…Vejo muitas pessoas se desprenderem de suas verdadeiras essências…Vejo muitas pessoas cultivando verdadeiros e grandiosos jardins de infelicidades. Pessoas que morrem sem chegarem à terra prometida.Não gostaria que fosse assim.
Fiquei sabendo que na China há um rio chamado Rio Amarelo que morre antes de chegar ao mar…
Fiquei pensando que há pessoas que insistem em fazer o mesmo.
Não permita que sua história seja semelhante à desse rio…
Lute para chegar, lute para alcançar…
Já dizia o poeta catarinense, Lindolfo Bel: “Menor que meu sonho não posso ser!”
Assim seja…
Assim façamos.
(Pe. Fábio de Melo)”
Que lindo, Claudio.
Realmente é muito bom a gente saber das histórias de pessoas que lutaram, venceram e não deixaram de acreditar nunca.
bjs e obrigada por compartilhar.
Shi querida,
saudade dos seus desenhos, da sua escrita, da sua sensibilidade. Não consigo falar agora sobre meus sonhos e desejos, mas ler seu post já fez despertar em mim muita coisa boa =) foi ótimo passar por aqui. bjs mil!
Amada, muita saudade de você. De alguma forma mantemos nossa conexão, ainda que virtual.
bjs
Querida Shi, “this is it” !
Muito linda a sua forma de expressar o que a alma pede (sonhos) e fazer um balanço do que nós conseguimos concretizar. Muito legal também ver os comentários dos sonhos dos companheiros acima. Acho que já nos encontramos em alguma “galáxia” por aí, pois a formas de “ver” o mundo são muito parecidas só os “palcos” mudam de lugar…rsrsrs.
Eu escrevo contos sobre a minha vida, e num deles eu falo de um sonho de criança de ter um balanço. Quando criança eu ganhei em minha casa uma árvore para plantar no meu quintal e pensei : “vou ter um balanço”. Só que a árvore crescia junto comigo e quando ela já estava grande e forte para eu poder colocar o balanço, eu já estava adulta e meus sonhos mudaram…. Não tive o balanço mas desci muita ladeira empurrando pneu …KKKKKKKKK. Sonhos, com certeza, realizados de muitas formas.
Querida, eu ainda procuro muitos balanços (hoje com a minha filha) para me pendurar por aí …. rsrsrs
Beijocas da Martoca :-)
Amada Marta,
por que vc não foi lá em casa? Tínhamos um balanço, daqueles de ferro, todo colorido onde brincávamos eu e Sid. era muito bom. Você seria muito bem-vinda. :-)
Quero ler estes contos hein! Não me prive disso. bjs no coração.
querida Shi,
linda tua escrita, lindas as imagens, aliás, você é linda!!!!!!!!
sonhos!!!!!!!
adoro sonhos, pois nos dão a possibilidade de correr atrás e tentar realiza-los.
Mas não todos…acho que alguns devem ficar no patamar de sonhos para que sempre tenhamos uma motivação a mais…..
beijos carinhosos e saudosos da
Rô
Sim, querida Rô, os sonhos nos movem. Vamos como o coelho correndo atrás da cenoura…rs Sem sonhos é impossível viver. bjs
Querida Shirley,
Ler seu post me fez muito bem, está incrível!
Pude fazer um balanço dos meus sonhos e percebi que algumas vezes em que não pude realizá-los fui conduzida a outras situações que podem ser consideradas sonhos, embora não tenham sido sonhados.
Falando assim parece que a minha vida tem sido um “mar de rosas”, mas não, é só uma vida vivida duramente como a de uma simples mortal.
O detalhe é que agora, com o passar de muitas primaveras, posso ter um pouco de clareza para perceber que a decepção de não realizar um sonho, pode algumas vezes nos conduzir a algo bem agradável, um sonho que não sonhamos,mas que nos foi dado pelo Pai.
É a velha história de “fazer do limão uma limonada”.
Bjs Eglais
Isso aí, Eglais.
E aí a gente pega a limonada, senta na beira da praia, chama os amigos e pega um solzinho…. rs Aí fica tudo mais alegre e mais bonito.
Obrigada por compartilhar.
bjs
Shirley, irmã cigana… ; )
Gosto muito do que escreves, tem sentimento, emoção por isso toca o coração das pessoas.
Sonhos, mola mestra que nos garante saúde e sobrevivência dentro do caos, em que muitas e muitas vezes, nossas vidas se transformam… caos que prefiro sempre chamar de oportunidades de crescimento… ;o)))
Caos que nos trás a oportunidade de dizer Não! pois é partir do que Não queremos mais atrapalhando nossos sonhos, que encontramos uma nova chance, uma nova oportunidade de reconstrução, estabelecendo limites e abrindo novas fronteiras… graças à capacidade de sonhar!
De meus sonhos, construí vários em meu “Mundo da Lua”, e foram a garantia de minha sobrevivência diante do caos instalado… difícil foi sair deles e colocar o “pé na terra”… linda trajetória que você também acompanhou e de certa forma participou. Trajetória que culminou no título de minha monografia .. “Do mundo da lua a encarnação do feminino” … Lembra? … E de lá pra cá, novos momentos novos caminhos, novas formas, novas escolhas guiadas sempre por meus novos sonhos…
Um grande abraço, cheio de carinho.. Elaine
Olá, queridíssima!
Optcha todos os ciganos e ciganas de todos os tempos! :-) Domingo retrasado fui a uma festa cigana e foi linda, como sempre. Sim, acompanhei de perto este teu sonho se realizar e espero estar por perto quando os novos forem alcançados. Um beijo pra ti e boa sorte. Que bom ter vc aqui no blog. Volte sempre!
Querida Shirley…
Que saudades… Como sempre, lindas as suas palavras, as imagens e a maneira como você compartilha as suas idéias, os seus sonhos….
Outro dia uma amiga muito querida também, me presenteou com uma música do Raul Seixas chamada “Prelúdio” que diz assim:
“Sonho que se sonha só,
É só um sonho que se sonha só,
Mas sonho que se sonha junto é REALIDADE”
Nossos sonhos são ESSENCIAIS para a nossa encarnação nesse mundo… sem eles seria impossível !!!!
Bjs no coração
Flávia
Obrigada, Flavinha, pelo vídeo. Que possamos formar uma linda rede, costurando nossos sonhos que se encontram neste imenso universo de possibilidades. bjs
Shirley,
Como você já deve ter percebido, tenho uma certa lentidão para os e-mails e só hoje li o seu. Por mais estranho que pareça, foi o momento mais apropriado para fazê-lo. Esta semana conclui o meu livro de poesias, “Entre Ruídos e Silêncios” que será lançado ainda este mês e fiquei emocionada com o seu texto! Os sonhos são absolutamente simples, não acha? Temos vários caminhos para realizá-los, no meu caso, juntar a Contação de Histórias com a Psicologia foi o jeito que encontrei (não sem doses cavalares de sofrimento) de unir trabalho e arte, eu também aprisionada no binômio prazer-sobrevivência. Hoje sou uma psicóloga melhor por causa das histórias e lançar meu livro de poesias, que escrevo desde os 11 anos, está sendo uma alegria sem tamanho. Parabéns pelo seu texto e faço questão de te ver na minha noite de sonhos, ou de autógrafos!
Um beijo carinhoso da Silvia
Oi, Silvia, que lindo!
Não sabia que vc escrevia poesias, nem que era psicológa. Tô precisando me atualizar…rs Eu tb tenho algumas poesias e até o nome do livro mas ainda não publiquei. Quem sabe um dia. Irei sim com prazer na tua noite de autógrafo. Sabe, não falei no post mas depois de não ter virado dançarina nem desenhista, eu me tornei redatora e pra escritora de livros infantis é um pulo. Tb já tenho uma obra nesta seara. Publicarei no tempo certo também. Bjs e obrigada por compartilhar.