Sou neta de jardineiro. Um homem que cuidava de uma chácara e plantava legumes e hortaliças para vender. Sou filha de serralheiro, que aprendeu com o pai a respeitar a natureza da qual ele (o pai) dependia pra sobreviver. Cresci morando em casa, com quintal, árvores frutíferas, plantas, ervas medicinais e animais. Minha mãe é o que chamam por aí de “dedo verde”. Tudo que ela põe a mão brota, cresce. Também, pudera, ela conversa com as plantas, trata-as como filhos queridos. É bonito de se ver…
Quando eu era criança, havia gaiolas de passarinhos em casa que meu pai todo dia pendurava nas árvores e de noite botava em local coberto da friagem. Eu lavava o piso das gaiolas e espetava a metade de um jiló ou maxixe na na grade . Achava os passarinhos lindos, eram biquinhos de lacre e outros que não lembro o nome. Com o passar do tempo, porém, entendi que aqueles bichinhos fofos que alegravam minha infância eram tristes, porque estavam presos, privados de terem a vida que gostariam de ter. Foi então que, com a autorização do meu pai, soltei-os. E foi uma sensação muito boa ver seu vôo para a liberdade.
Meu pai, sempre que precisava cortar uma árvore, porque estava muito alta e ameaçando nossa casa, pedia licença. Não para nós, humanos da casa. Pedia licença para a árvore! É muito respeito com a natureza. Aquilo me encantava muito. Os cães, patos, galinhas, gambás e até micos que apareciam no quintal, mesmo a gente morando em ambiente urbano, faziam parte também dos meus dias de criança. E os gatos? Esses eram um capítulo à parte, um amor incondicional que sempre tive e tenho até hoje.
Essa história é a minha história de contato com o meio ambiente, muito antes de se falar em sustentabilidade, em ecologia (que só vim a estudar na escola, já adolescente), aquecimento global e pegada ecológica. Aprendi a ser natural com o contato com a natureza. Aprendi a respeitar as formas de vida que estão abaixo de nós na cadeia evolutiva. Aprendi a ser mais humana.
Foi em 1992, quando já estava na universidade, que ouvi falar de uma tal de Eco 92 (vide logo e posters comemorativos do evento abaixo), que movimentou o Rio de Janeiro e o meu trajeto diário pelo Aterro do Flamengo até a Escola de Comunicação da UFRJ. Líderes de todo o mundo estariam reunidos para propor uma agenda de compromissos, visando à preservação do planeta. Também recordo de um comercial a que assisti no qual um índio tinha seus cabelos raspados ao som de uma motosserra (se você tem o vídeo deste comercial compartilhe aqui). Acho que foram os primeiros momentos em que tive contato mais direto com a questão ambiental.
Ainda a pouco tivemos a COP 15 (são tantas siglas!) e hoje vivo em busca de artigos, sites e notícias sobre o meio ambiente. Faz parte dos meus temas favoritos a sustentabilidade e o futuro do planeta. Vejo que tudo isso que sinto agora vem lá de trás, de raízes muito bem fincadas na minha consciência de menina travessa, brincando no quintal de pé no chão. Hoje, sou uma mulher que acredita em uma nova proposta de vida para todos. Acredito que podemos mudar e construir um mundo melhor para nós e as próximas gerações. Um mundo com baixas emissões de carbono, com nossos recursos hídricos protegidos, com a biodiversidade respeitada, com florestas ainda de pé. Um mundo ético e sustentável. Estamos comemorando o Dia do Meio Ambiente em 5 de junho (World Environment Day). Que seja uma data para nossa reflexão mas, sobretudo, para nossa ação. Vamos lá, ainda há tempo!
Gostei. Eco Beijo Gde!
Como sempre minha irmã, ficou muito legal, principalmente porque relembro de muitas coisas da nossa infância! Adorei a foto do biquinho de lacre, eram visitantes constantes de nosso quintal, e vinham em bandos de mais de 10. Sempre comento com as pessoas sobre minha infância em harmonia com a natureza e com os Animais, comento que os galos cresciam dos pintos que trocavamos por garrafas, algumas pessoas nunca houviram falar disso, mas talvez já pensando ecologicamente pessoas passavam naquelas antigas Kombis da Volks oferecendo pintinhos amarelinhos por garrafas velhas, provavelmente para reciclagem. Lembro tmb de dona Marieta, antiga catequista da Igreja de Santa Rosa do Viterbo, passar e me ver acariciando uma vira-latas da vizinhança a Bolinha e dizer “…temos que amar aos animais!…”, sem falar do meu Grande Amor por São Francisco de Assis.
Parabéns pelo belo post.
Oi Sid, nossa, viajei no tempo agora. Lembro vagamente desta Bolinha. Gosto de contar as boas histórias e nossa infância tá recheada delas. Vamos multiplicá-las, pois o mundo precisa de bons valores. bjs da tua irmã.
Volte sempre, Victor! :-)
Querida “Shi”,
Vois sois o sal da terra…
A vida do mundo precisa do belo mundo que existe no interior de muitas vidas.
Obrigada por me mostrar o seu mundo.
Amei tudo isso!
Continue … sempre !
Beijocas. Marta :)
Querida, flor!
que bom, Martinha, te receber em minha “casa”. A porta estará sempre aberta pra ti. Te amo. bjs
É isso aí Shirley,
eu faço minha parte mantendo minhas plantas preferidas (orquídeas)… tenho diversas no apto, adoraria ter um quintal, mas por enquanto elas sobrevivem e deixam minha casa mais linda e florida.
Seus discursos são realmente sempre recheados de emoção. As palavras escritas por você arrepiam a pele e vão ao coração. Por que será? Simples: porque saem do seu coração.
Força, minha amiga!
Adorei tudo! Vamos continuar ?! :-)
Beijocas